Canada 2011: Houston, we have a problem

Há males que vêm para o bem, certo? Isso depende de como você encara as situações em que você se encontra. Se você é do tipo de pessoa que sempre vê o lado ruim das situações, então a sua vida poderá ser muito mais chata e você poderá perder muitas oportunidades que a vida te apresenta. Mas se você tenta ver o lado bom em tudo, a vida pode te trazer surpresas legais, aumentando suas experiências de vida e lembranças.

Houston - Texas Commerce Tower

Houston - Texas Commerce Tower

Para mim, minhas experiências, os locais que já visitei e tudo que já vivi são mais importantes do que acumular bens materiais. Como todos já sabem, eu passei dois meses no Canadá recentemente. A minha volta contava com uma escala em Houston (EUA) e outra em São Paulo. Planejei com bastante antecedência, solicitando o carro para o aeroporto uma semana antes, chegando no aeroporto com duas horas de antecedência, afinal, era vôo regional, então não adiantava chegar mais cedo. Comecei a arrumar as malas no final de semana anterior à minha viagem, que era numa quarta-feira, para ter certeza de conseguir colocar tudo nas malas e que tudo caberia nas malas que tinha e não ultrapassaria o peso máximo. Parecia tudo certo, correndo direitinho, bem planejado, certo? Pois dai deve ter sido o convite para o Sr. Murphy aplicar suas leis. No dia de partida, chegou o horário do carro e nada de aparecer o carro. Pedi para a recepcionista ligar três vezes e descobrimos finalmente que o carro tinha ido para o hotel errado! Mas tudo bem, nada que acelerar um pouco não recuperaria. Finalmente chegou o carro, para meu alívio (já estava quase chamando um taxi!) e fomos para o aeroporto. O motorista passou toda a viagem questionando o que eu faço, quem eu conheço e tentando obter contatos para vender os produtos da empresa dele de componentes eletrônicos. Maldita simpatia mineira que fui puxar papo!!! Deveria ter colocado o fone e fingido estar dormindo! Cheguei no aeroporto com um pequeno atraso de 10 minutos e parecia estar tudo correndo direitinho. Achei o balcão da Continental e mandei as malas. Peguei minha “carry-on” (daquelas malinhas pequenas com rodinhas que você leva a bordo) e fui para o portão. Calor. Muito calor. Cheguei lá, depois de todo o esforço com as malas super pesadas e andar até o terminal, que parecia não ter ar condicionado em um dia de muito calor, todo suado e cansado. Visão do inferno mesmo. Mas enfim, o vôo foi chamado com quase 40 minutos de atraso e descobri que a carry-on tinha que ser despachada no compartimento de malas carry-on, diferente do de malas normais. O vôo saiu com 1 hora de atraso! Chegamos em Houston em cima da hora do meu vôo de conexão. Se não fosse a espera para pegar a carry-on, talvez eu tivesse chegado a tempo! A mulher que estava no portão aproveitou para confirmar o vôo de um senhor que estava à minha frente. Quando perguntei se ela poderia confirmar o meu, ela se recusou e me mandou ao balcão pedir informações. Mais uma perda de tempo que se evitada, talvez eu não tivesse perdido a conexão. Finalmente peguei as malas de mão e fui correndo pelo aeroporto para achar o portão E-18. Ao sair do portão onde cheguei, descobri que estava no terminal C e tinha que pegar o trem até o terminal E!!! Lá fui eu. Novamente, senhor Murphy em pleno vapor, peguei o trem que estava indo no sentido contrário. Fui até o terminal A para voltar para o terminal C e dai partir para o E. Realmente era para eu perder a conexão!!! Pedi carona em um daqueles carrinhos elétricos da própria Continental e lá fomos nós para o portão E-18. Chegando lá, vejo o avião se afastando, tarde demais para embarcar. O portão estava escuro, luzes apagadas e nem uma alma à vista. O motorista, muito prestativo, me levou até o balcão da Continental para ver como faria. No balcão, boa parte do pessoal do meu vôo estava em fila, tentando achar novos vôos pois praticamente todos haviam perdido suas conexões! Os vôos não esperaram por ninguém, nem mesmo um grupo de 20 e poucas pessoas, um time de basquete, que havia chegado no mesmo vôo que eu!

Pois bem, eu era um dos últimos da fila e observei o pessoal a minha frente, reclamando, esbravejando, tratando os funcionários da empresa como se eles fossem culpados de tudo, descarregando suas frustrações. Aguardei pacientemente na fila até chegar minha vez. Uma atendente muito simpática ainda sorrindo apesar do tratamento do passageiro anterior me atendeu e eu expliquei a situação para ela. Inicialmente, ela disse que não haviam mais vôos naquele dia e que o próximo vôo com assento disponível seria na segunda-feira seguinte! Ou seja, eu teria que ficar em Houston de quarta a noite até segunda a noite para conseguir um vôo! Quase entrei em pânico. Mantive minha calma e incorporei toda minha mineirice, olhei para ela e com o melhor olhar de cachorro pidão, expliquei que queria ir para casa, se ela não poderia POR FAVOR ver se não tinha outra rota, outro caminho, outra maneira para eu voar antes, que estava há dois meses fora de casa e só queria ir embora. Ela começou a pesquisar os vôos e até encontrou um vôo para sexta-feira em outra empresa. Eu fiz mais cara de cachorro pidão em frente ao forno de frangos de açougue (ou seja, TV de cachorro) e perguntei se realmente não havia nada, NADA, antes. O pior é que ela me informou que como estava no sistema que o atraso do primeiro vôo foi por clima (weather), a empresa não me daria a estadia ou alimentação neste período até o próximo vôo! Quase entrei em pânico, pois sabia que a Cinq também não pagaria por isso!!!

Uma outra atendente, talvez uma supervisora, veio ajudar, já que não havia mais ninguém para ser atendido e eu vi a oportunidade. Falei que ia pegar uma água enquanto elas procuravam, com a intenção de aliviar a pressão, talvez com isso deixando elas acharem alguma solução que não poderiam comentar na minha frente. Fui até a lanchonete mais próxima, tomei uma água e voltei uns 10 minutos depois.

A atendente me falou que havia conseguido um vôo para o dia seguinte!!! A supervisora me disse que por minha calma e paciência, ela estaria me dando a estadia em hotel pela noite e alimentação e que como recompensa por minha calma e boa educação, me colocaria no Sheraton! 😀 Lá fui eu, pegar minhas malas e me dirigir até o hotel. Bons hotéis têm van para buscar os hóspedes, então liguei para o hotel, avisei onde estava e aguardei a van.

No dia seguinte, eu aproveitei para curtir Houston, um calor infernal, mas esta é história para outra hora. Moral da história é que se você grita, xinga e perde a cabeça, paga sua estadia e fica em Houston por uma semana. Se você fica calmo e trata bem as pessoas, há chance de conseguir estadia de graça e vôo no dia seguinte!

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3 thoughts on “Canada 2011: Houston, we have a problem

  1. Vi cena similar no Brasil, aconteceu comigo, e também fui calmo, tranquilo, educado e gentil com as atendentes, resultado: ganhei taxi para o outro aeroporto, fui chamado antes dos barraqueiros, e viajei de primeira classe em um voo 4 vezes mais caro, tive restaurante pago pela compania área… Educação e respeito é tudo, o coitado da compania também foi pego de surpresa pelo cancelamento, e além disso vai saber se o avião não estava com problema melhor demorar e trocar de voo que cair, certo!

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